domingo, 22 de abril de 2012

Como os gatos sobrevivem a quedas de grandes alturas?


A sobrevivência de uma gata em Boston, EUA, após uma queda de 19 andares (cerca de 60 metros), levantou a pergunta.
 

Uma gata sobreviveu a uma queda de 19 andares na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Segundo o veterinário Hugh Davis, que tratou da gata Sugar, apesar da altura da queda, estimada entre 45m e 60m, ela não sofreu cortes nem quebrou nenhum osso. O veterinário diz acreditar que ela sobreviveu ao agir como um esquilo-voador, abrindo suas patas como se fossem asas. A proprietária de Sugar, Brittney Kirk, disse que “a gata usou muitas de suas 7 vidas no episódio”.
 
 
 Depois do acidente, Brittany decidiu instalar telas nas janelas do apartamento (ao lado, foto do edifício do qual Sugar caiu)
 
 
Brittany (foto) deixou uma janela entreaberta na semana passada para que a gata Sugar se refrescasse, mas ela saiu e caiu num gramado. Segundo os cientistas, a habilidade dos gatos de sobreviver a grandes quedas é uma questão de física, biologia da evolução e fisiologia. “Sabe-se que animais têm este comportamento e existem inúmeros casos de sobrevivência de gatos a grandes quedas“, comentou Jake Socha, biomecânico na Universidade Virginia Tech. Numa pesquisa que analisou casos de 132 gatos que caíram de grandes alturas, cientistas observaram que 90% dos animais sobreviveram e apenas 37% precisaram de atendimento de emergência. Um dos animais, que caiu de uma altura de 32 andares (quase 100 metros), diretamente no concreto, teve somente um dente quebrado, um problema no pulmão e foi liberado 48 horas depois.
 
Feitos para sobreviver
 
Os cientistas explicam que os corpos dos gatos foram feitos para resistir a quedas, desde o momento em que estão em pleno ar, até o momento em que tocam o chão. Eles possuem uma área de superfície do corpo grande, em relação ao peso, o que reduz a velocidade com que chegam ao chão numa queda. A velocidade alcançada por um gato numa queda é menor do que a de humanos e cavalos, por exemplo. Um gato de tamanho médio, com os membros estendidos, alcança uma velocidade de cerca de 97 quilômetros por hora, enquanto que um homem de tamanho médio chega a uma velocidade por volta dos 193 quilômetros por hora.
 
Árvores
  
Gatos são animais que vivem, essencialmente, em árvores. Quando não vivem em casas ou nas ruas de uma cidade, eles tendem a viver em árvores. Biólogos afirmam que, sendo assim, cedo ou tarde eles acabam caindo. Gatos, macacos, répteis e outras criaturas vão saltar para capturar presas e vão errar, ou um galho da árvore vai se quebrar, ou o vento vai derrubá-los. Então, os processos evolutivos deram a eles a capacidade de sobreviver a quedas. “Ser capaz de sobreviver a quedas é algo muito importante para animais que vivem em árvores e gatos estão entre esses animais“, disse Jake Socha. “O gato doméstico ainda mantém as adaptações que permitiram que eles fossem bons vivendo em árvores.” Segundo os biólogos, por meio de seleção natural, os gatos desenvolveram o instinto para sentir qual lado é o lado para baixo, algo análogo ao mecanismo que humanos usam para o equilíbrio. Então, se eles tiverem tempo o bastante, conseguem torcer o corpo como um ginasta e posicionar os pés embaixo do corpo e, com isso, cair de pé. “Todos os que vivem em árvores têm o que chamamos de reflexo aéreo para endireitar“, disse Robert Dudley, biólogo da Universidade Berkeley, da Califórnia.
 
Pernas e paraquedas
 
  
Gatos também conseguem estender as pernas para criar um efeito de paraquedas,. No entanto, ainda não se sabe exatamente como isso desacelera a queda. Eles estendem as pernas, o que aumenta a superfície do corpo. E, quando chegam ao chão, as pernas, feitas para escalar árvores, absorvem o impacto. Gatos têm pernas longas e bons músculos. São capazes de saltar bem, os mesmos músculos direcionam a energia para a desaceleração, ao invés de quebrar ossos.

Ângulos e gatos urbanos






As pernas de um gato estão colocadas num ângulo diferente das de homens ou cavalos, por exemplo. Este ângulo diferente faz com que as forças não sejam transmitidas diretamente numa queda. Se o gato caísse com as pernas diretamente embaixo dele, em uma coluna, e as pernas o segurassem firmemente, aqueles ossos se quebrariam. Mas as pernas vão para os lados, as juntas se dobram e a energia é direcionada para as juntas, com menos força indo para os ossos. Os gatos em áreas urbanas tendem a estar acima do peso e fora de forma e, por isso, sua habilidade para se virar durante uma queda e cair em cima das patas é menor. Aquela gata de Boston teve sorte. Mas a maioria dos gatos teriam tido problemas graves no pulmão ou fraturas nas pernas, danos na cauda e também fratura na mandíbula ou um dente quebrado. A lição que fica, para quem tem gatos é  POR FAVOR, COLOQUEM TELAS NAS JANELAS.
  

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